Imagine que você é um adipócito

Imagine, por um momento, que você é um adipócito. Isto mesmo, uma célula de gordura. Você não tem olhos, não tem ouvidos. De fato, suas únicas interações com ou meio externo ocorrem por estímulos químicos. Pois bem, vamos fazer um exercício mental e avaliar a nutrição a partir desta perspectiva, digamos, diferente.

Como você, adipócito, sabe se deve acumular gordura ou liberar gordura para o resto do corpo? Pense nisso: em qualquer momento, um adipócito só pode estar armazenando ou liberando ácidos graxos. Como o adipócito sabe o que fazer? Segundo a sabedoria convencional, se a pessoa comer mais calorias do que gasta, você (adipócito) deverá armazenar gordura. Mas se o ser humano gastar mais calorias do que come, você (adipócito) deverá liberar seu conteúdo de gordura para o resto do corpo.

Ok, agora responda: como você, o adipócito, que não dispõe de olhos, ouvidos ou de uma calculadora para julgar o balanço calórico, saberá o que fazer? Como você saberá se o ser humano de que você faz parte comeu demais ou de menos? Como você sabe que as calorias estão sobrando, e portanto está na hora de fabricar uma gordurinha? Como você fica sabendo que o seu ser humano está de dieta ou mesmo passando fome? Como??

O corpo mantém o ambiente entre as células extremamente estável. Afora situações extremas ou de doença, a temperatura, o pH, a concentração de eletrólitos e nutrientes (inclusive glicose) permanece estável. Em outras palavras, você, adipócito, está sempre quentinho e cercado por uma sopa de nutrientes. Então, COMO você sabe se deve acumular ou liberar a gordura?

Ora, como qualquer outra célula: através de mensageiros químicos, chamados hormônios. Quando você está em jejum, sua insulina fica baixa, e o glucagon eleva-se, e então você, o adipócito, saberá o que fazer: liberar a gordura acumulada, pois o corpo está precisando. Quando você come muito, a insulina eleva-se, o glucagon é suprimido, e você, o adipócito, saberá como agir: acumular gordura.

E se o ser humano no qual você, adipócito, reside estiver fazendo dieta, comendo 1700 calorias por dia, fazendo muito exercício, e comendo muitos carboidratos “saudáveis” por recomendação de sua nutricionista, o que você fará? Bem, se você, adipócito, tivesse olhos e ouvidos, e se tivesse um cérebro, você entregaria a sua gordura, reconhecendo o esforço de seu “dono”. Mas não, você é uma humilde célula. Tudo que você sabe sobre o pão preto, a granola, o açúcar mascavo, o mel, o arroz e as barrinhas de cereais diet que seu corpo consumiu é que a insulina está altíssima (devido aos altos índices de açúcar no sangue que todos estes carboidratos provocam). Ou seja, você, adipócito, não sabe que seu “dono” está se matando na academia. Nem sabe do esforço que seu dono está fazendo para comer todos estes alimentos integrais. Você é uma célula, e tudo que você vê são os hormônios. E os hormônios lhe dizem em alto e bom som: “não libere a gordura, pois a insulina está alta, e o glucagon indetectável”.

É isso. A célula é burra. A célula só age sob estímulo hormonal. O ser humano pode estar fazendo tudo o que lhe foi ensinado: comendo pouco, e se exercitando muito, mas esperar que seus adipócitos “vejam” isso e reajam de acordo é, digamos, ingênuo. Que o adipócito seja burro, surdo e cego é de se esperar de uma célula. Mas, dos seres humanos, especialmente na área da saúde, eu espero um pouco mais de discernimento.

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