Os 12 motivos pelos quais low carb é melhor para diabetes: 7) gordura na dieta não tem relação com doença cardiovascular

  • Os 12 motivos pelos quais low carb é melhor para diabetes: 7) A gordura total e/ou saturada da dieta não têm relação com o risco de doença cardiovascular.

Esta é a sétimade
12 postagens explicado porque uma dieta de baixo carboidrato (Low Carb)
deve ser a estratégia padrão, inicial, para o manejo do diabetes. Esta
série de postagens é baseada no artigo
 Restrição de carboidratos na dieta como a primeira abordagem no manejo do diabetes: revisão crítica e base de evidências, sobre o qual já tratamos previamente (ver aqui). As referências bibliográficas estão no artigo original (clique aqui).


Se ainda não leu, leia antes esta postagem.

A primeira postagem desta série foi: 1) Manejo da hiperglicemia;
A segunda postagem desta série foi: 2) A epidemia começou pelos carbs;

A terceira postagem desta série foi: 3) Nem precisa perder peso;

A quarta postagem desta série foi: 4) Nem precisa perder peso, mas perde;

A quinta postagem desta série foi 5) Melhor aderência;

A sexta postagem desta série foi 6) +Proteína é melhor do que +carbs

7) A gordura total e/ou saturada da dieta não têm relação com o risco de doença cardiovascular.

Vários ensaios clínicos grandes e caros foram conduzidos desde que a chamada hipótese dieta-coração (diet-heart hypothesis) foi formulada na metade do século passado. Desde o estudo de Framingham original, passando pelo Women’s Health Initiative, além de cerca de uma dúzia de outros estudos adicionais, tem havido falha em se identificar uma associação entre os lipídios da dieta e risco cardiovascular. Há hoje um grande volume de literatura científica e de livros populares documentando exaustivamente a falha das tentativas de dar suporte à hipótese dieta-coração (diet-heart hypothesis). Houve poucas tentativas de refutar isso. As fortes recomendações das agências de saúde previam que nenhum destes ensaios clínicos falharia em demonstrar essa associação. Na verdade, praticamente TODOS falharam.

Três metanálises recentes devem ajudar a encerrar, de uma vez por todas, a questão do nexo causal entre gordura na dieta e doença cardiovascular. Jakobsen e colaboradores, por exemplo, agregaram o resultado de 11 grandes estudos de coorte nos quais a gordura saturada foi substituída ou por gorduras poliinsaturadas (PUFA’s, os dois gráficos de cima) ou carboidratos:

Razão de Chance e intervalo de confiança de 95% para eventos coronarianos e morte nos diferentes estudos da metanálise.

O efeito de substituir 5% do consumo calórico de gordura saturada por outra coisa é mostrado na figura oriunda do estudo de Jakobsen. As conclusões dos estudos individuais são convincentes. Quase todos os estudos mostram não haver efeito nessa substituição, seja com PUFA’s, seja com carboidratos. A regra estatística é que, se os intervalos de confiança cruzam o 1, não há diferença. As áreas sombreadas, representando as diferenças entre os dados agregados, são muito pequenas. Mais importante, em nosso ponto de vista, a análise estatística é inapropriada. Metanálises são apropriadas para pequenos estudos para os quais haja uma chance de identificar alguma correlação que pudesse passar despercebida sem a análise dos dados agregados. A figura, contudo, agrega estudos de larga escala, bem conduzidos, que individualmente não mostram efeito. É questionável que qualquer método estatístico permitiria que se fizesse uma média de estudos que não mostram associação estatística e identificar uma correlação significativa. Mesmo se acreditássemos nas conclusões de Jakobsen, a razão de chance AUMENTOU quando a gordura saturada foi substituída por carboidratos, e os autores relataram uma “modesta associação significativa entre o consumo de carboidratos e eventos coronarianos”. Análises semelhantes foram conduzidas por Mozaffarian, que concluiu que “substituir gordura saturada com carboidratos não tem nenhum benefício”, e por Siri-Tarino e colaboradores, cuja conclusão foi, também, “uma metanálise de estudos prospectivos epidemiológicos mostrou que não há evidência significativa para se concluir que a gordura saturada da dieta esteja associada com aumento dos risco cardiovascular”.

Por fim, o fato de que tão poucos estudos individuais tenham achado qualquer efeito é incrível. NENHUM dos 15 estudos sobre substituição de gordura saturada por carboidratos mostrou qualquer efeito em eventos coronarianos e apenas dois acharam efeito estatístico em mortes coronarianas. De fato, um dos poucos estudos, largamente citado para mostrar um efeito deletério da gordura saturada, é o Estudo do Hospital de Saúde Mental Finlandês (Finnish Mental Hospital Study), cujas limitações científicas e metodológicas já foram extensamente analisadas, incluindo a observação de que muitas das mudanças podiam ser atribuídas a diferenças nas medicações anti-psicóticas. Olhando novamente os estudos na análise de Jakobsen (figura acima), e levando em conta que alguns deles já têm mais de 20 anos, parece razoável concluir que, se existir algum risco em substituir carboidratos com gordura saturada, isso permanece especulativo mesmo a longo prazo, e não deve impedir a adoção dos benefícios já estabelecidos e imediatos de tal substituição para diabéticos.

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