Introdução à dieta páleo/primal – Mark Sisson – Aula 2

Introdução à dieta páleo/primal  – Mark Sisson – Aula No.2

Tradução: José Carlos Souto

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Como a agricultura arruinou a sua saúde (e o que fazer a respeito)

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Você está acima do peso. Me desculpa eu ser assim, direto, mas é provavelmente verdade: a maior parte dos adultos no mundo ocidental tem sobrepeso. Uma grande porção é obesa.

Metade de vocês está tomando ao menos um medicamento prescrito. Metade dos pessoas mais velhas estão tomando no mínimo 3. Talvez você não esteja usando nada, mas você conhece pessoas que estão.

Isso lhe soa normal? Quero dizer, doenças crônicas perpétuas e obesidade são realmente o estado normal da existência humana? Será que nosso projeto é tão inerentemente ruim que não podemos nos manter vivos sem comprimidos e médicos?

Não, absolutamente não. E, sabe, não foi sempre assim.

A primeira grande mudança ocorreu com a Revolução da Agricultura. Cerca de 10.000 anos atrás, quando ex-caçadores-coletores começaram a cultivar sementes de grãos em belas fileiras organizadas, algo aconteceu. A população explodiu, pois agora tínhamos uma fonte estável de calorias. Vilarejos e cidades surgiram, pois não precisávamos mais nos deslocar atrás de nossa comida. Podíamos simplesmente cultivá-la onde vivíamos.

Estas soam como coisas bem boas, a princípio. Mais comida e abrigo parece bom, certo?

Bem, algo mais aconteceu, também. Aqueles primeiros fazendeiros eram mais baixos do que os caçadores-coletores que eles substituíram. Eles não viviam tanto tempo, e possuíam cérebros menores. Eles tinham muito mais doenças infecciosas e mais cáries. Em suma, não eram tão saudáveis quanto os caçadores-coletores. Mesmos genes, mesma espécie (Homo sapiens), ambientes diferentes, saúde pior.

Mas espere! Gãos integrais são supostamente saudáveis. Todas as instituições governamentais recomendam que você torne os grãos integrais uma parte de sua dieta. Como poderia a agricultura de grãos ter causado todos estes problemas de saúde em nossos ancestrais?

A questão é que os grãos não se importam com você. Pense um pouco: um grão de trigo é uma planta bebê. Um “ovo de trigo”, se você preferir. Para que o trigo possa propagar seus genes, seu grão tem que chegar ao solo, germinar, crescer e repetir o processo. Assim como uma galinha mantém seus ovos aquecidos e bem protegidos até que o pinto ecloda, o grão precisa ficar protegido de alguma maneira durante este processo, evitando que animais o comam.

Infelizmente (para o grão), ele não possui pernas, dentes, asas ou garras. Ele não pode lutar. Ele não pode fugir dos predadores. Ele parece completamente indefeso, ali, parado, em uma haste de trigo.

Mas o grão não é nem um pouco indefeso. Ele tem uma gama de defesas químicas, incluindo várias lecitinas, glúten, e ácido fítico, que perturbam a sua digestão, causam inflamação e evitam que você absorva nutrientes e minerais vitais.

Todos os grãos contém algum ou todos estes anti-nutrientes, em graus variados, de modo que quando nossos ancestrais começaram a fazer refeições regulares com eles, sua saúde passou a sofrer.

Ok – então temos o registro fóssil para provar que a agricultura de grãos trouxe doença e saúde ruim para as populações humanas, mas não sabemos se aqueles fazendeiros primitivos eram obesos. Eles provavelmente não eram. Mesmo se você olhar fotos de americanos das décadas de 1930 a 60, quase todos são magros. Por que isso?

Vamos adiante.

Isto nos trás à segunda mudança: o final dos anos 1970. Até então, a obesidade nos EUA permanecia relativamente constante em torno de 12% da população adulta. Não era ótimo, mas também não era ruim para uma sociedade rica e com amplo acesso à comida.

Nos anos 1980, as coisas mudaram. As taxas de obesidade começaram uma subida contínua e constante até os dias de hoje, quando 30% da população adulta é obesa e 70% tem sobrepeso/obesidade. 1 em cada 3 americanos adultos é obeso. Mais do que 2 em cada 3 têm sobrepeso. Isto lhe parece normal?

O que diabos mudou?

A febre da dieta sem gordura (“low-fat”) começou. Foi dito às pessoas que a gordura e colesterol as estavam matando (baseado em péssima ciência, sobre a qual falaremos em uma aula futura) e as estava engordando.

Assim, para evitar toda essa gordura, as pessoas começaram a comer mais grãos, carboidratos (“carbs”) e outros alimentos processados low-fat.

Outra coisa a respeito de grãos (e carbs em geral) é que ele aumentam os níveis de insulinano sangue. Insulina é necessária para transportar os nutrientes, como carbs e proteínas (nota do tradutor: e também gorduras), para o interior das células. Você come carbs, e a insulina lida com eles. Mas se você come muitos carbs – como, digamos, é o caso de uma pessoa a quem foi dito que jamais deveria comer gordura, e que deveria comer todos estes produtos low fat, com açúcar e grãos processados – sem exercitar-se em níveis insanos, seu corpo bombeia muita insulina e você se torna resistente à insulina.

Quando você fica resistente à insulina, qualquer quantidade de carboidratos não será tolerada. Irá se transformar em gordura corporal, e quanto mais gordura você tem no corpo, mais resistente à insulina você fica. Quanto mais resistente à insulina você for, menos nutrientes estão sendo transportados para o interior de suas células, significando que você continua com fome embora você esteja comendo, então você come ainda mais carbs que você não consegue tolerar. Você vê, é um ciclo vicioso, e isso nos levou à este caos em que nos encontramos.

Para piorar ainda mais as coisas, muitos dos carbs que consumimos atualmente vem do açúcar, ou de sua alternativa mais barata, o xarope de  milho de alta frutose. Ambos contém grande quantidade de frutose, a qual é transformada pelo fígado em glicogênio, um tipo de estoque de carbs, até que as reservas de glicogênio estejam completamente cheias. Tais reservas enchem rapidamente, e uma vez que a maioria das pessoas não está usando nenhum glicogênio (meio difícil usar o glicogênio quando você trabalha em um escritório e passa o dia no engarrafamento), esta frutose se transforma em gordura no fígado.

Juntas, uma dieta cheia de açúcar, grãos refinados e pobre em gordura produziu a população obesa e e doente que vemos hoje. Esta é a notícia ruim. A boa notícia é que resolver o problema – pelo menos no nível individual – é fácil.

Tudo que você precisa fazer é seguir a lei No.9 do Primal Blueprint: “Evite coisas venenosas”. As toxinas que os grãos empregam para se defender? Estas são coisas venenosas que você deve parar de comer.

Então, livre-se dos grãos. Eis como fazer isso. Desista do pão. Reduza seu consumo geral de carboidratos (veja a curva de carboidratos do Primal Blueprint). Mesmo que você não esteja acima do peso, eu garanto que você se sentirá muito melhor sem este veneno em sua vida.

Fique ligado para a aula de número 3.

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