Ovários policísticos melhoram com Low Carb

Nada do que está escrito no artigo que vou traduzir mais abaixo é novidade. Já em 2005 Eric Westman e colaboradores publicavam um estudo sobre dieta low carb e ovários policísticos com resultados muito bons:

The effects of a low-carbohydrate, ketogenic diet on the polycystic ovary syndrome: A pilot study

Conclusion

In this pilot study, a LCKD led to significant improvement in weight, percent free testosterone, LH/FSH ratio, and fasting insulin in women with obesity and PCOS over a 24 week period.

Para os leitores leigos: síndrome dos ovários policísticos é uma das principais causas de infertilidade feminina. Como o nome diz, formam-se múltiplos cistos nos ovários, e perturba-se a ovulação. Além disso, há um aumento da testosterona (hormônio masculino) nestas mulheres, o que pode provocar o crescimento de pelos indesejáveis, e espinhas. Por fim, a síndrome está associada com obesidade, síndrome metabólica e diabetes.

O detalhe interessante é que todos os cientistas que trabalham com ovários policísticos sabem há MUITOS anos que o hiperinsulinismo está por trás desta patologia. Tanto é verdade que se prescreve metformina, uma droga que reduz a resistência à insulina, como tratamento. E você, leitor deste blog, sabe que NADA é melhor para o tratamento de hiperinsulinismo do que cortar os carboidratos – e isso deveria ser ÓBVIO, já que a glicose é o maior estímulo para a a secreção da insulina. É só pensar um pouco para ver que o que causa o excesso de peso não são os ovários policísticos ou vice-versa, e sim que é o excesso de insulina que causa ambos, excesso de peso e ovários policísticos.

O fato de low carb não ser (ainda) o tratamento padrão para ovários policísticos é no mínimo estranho. Imagine uma pessoa que não tolera lactose. O que você faz? Remove a lactose. Imagine uma pessoa que não tolera fenilalanina (fenilcetonúrico). O que você faz? Remove a fenilalanina. Imagine uma pessoa com hiperinsulinismo e que, portanto, não tolera a glicose. O que você faz? Remove a glicose? NÃO!!! Dá metformina, manda passar fome, manda fazer exercícios físicos, manda fazer fertilização assistida – QUALQUER coisa exceto remover a glicose que é a CAUSA do distúrbio… É, realmente não faz nenhum sentido.

Mas é muito bom ver que a ficha está finalmente caindo para a  mídia (norte-americana) de saúde:

http://www.medpagetoday.com/Endocrinology/GeneralEndocrinology/39302

General Endocrinology

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Low-Carb Diet’s Effect on Insulin May Ease Ovarian Syndrome

By Kristina Fiore, Staff Writer, MedPage Today

Published: May 21, 2013

Reviewed by F. Perry Wilson, MD, MSCE; Instructor of Medicine, Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania and Dorothy Caputo, MA, BSN, RN, Nurse Planner

Vamos à tradução:

Endocrinologia Geral

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Os Efeitos de uma Dieta Low-Carb Sobre a Insulina Podem Aliviar a Síndrome Ovariana

By Kristina Fiore, Staff Writer, MedPage Today

Published: May 21, 2013

Reviewed by F. Perry Wilson, MD, MSCE; Instructor of Medicine, Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania and Dorothy Caputo, MA, BSN, RN, Nurse Planner

Reduzir o consumo de carboidratos pode reduzir os níveis de insulina e, subsequentemente, de testosterona, o que poderia mitigar os sintomas da síndrome dos ovários policísticos (PCOS).

Em um pequeno estudo cruzado, mulheres com a doença que reduziram o consumo de carboidratos obtiveram uma melhora significativa da sensibilidade à insulina (p<0,05) e da resposta dinâmica das células beta da pâncreas (p<0,001), disse Barbara Gower, PhD, da Universidade do Alabama em Birmingham e colaboradores em um estudo publicado online no periódico Clinical Endocrinology.

Estas mudanças foram acompanhadas de uma redução de 23% nos níveis de testosterona (p<0,05), eles acrescentaram.

“Uma redução moderada dos carboidratos da dieta reduziu ambos, insulina e testosterona”, a Dra Gower disse ao MedPage Today. “Não há nenhuma razão para não recomendar uma redução nos carboidratos da dieta, particularmente os carboidratos processados, para mulheres com PCOS. Pode haver um grande benefício, e certamente não há nenhum malefício”.

Em torno de 6 a 10% das mulheres têm PCOS, que é definida por hiperandrogenismo, disfunção ovulatória, e ovários policísticos. Muitas dessas mulheres também apresentam resistência à insulina, hiperinsulinismo e disfunção metabólica – que estimula a produção de andrógenos o que, por sua vez, produz muitas das outras características do PCOS.

Os pesquisadores partiram da hipótese de que reduzir a insulina através da dieta poderia acabar por reduzir a testosterona, aliviando assim os sintomas da doença.

Gower e seus colegas elencaram 30 mulheres em um estudo cruzado na qual elas receberam uma de duas dietas por 8 semanas, com um período de espera de 4 semanas entre as dietas.

Na dieta “padrão”, 55% das calorias eram provenientes de carboidratos, 18% de proteínas e 27% de gorduras. Na dieta low carb, apenas 41% das calorias eram advindas de carboidratos, 19% de proteínas e 40% de gorduras. (Nota do tradutor – 41% de carboidratos nem sequer é low carb – low carb para nós é cerca de 10% carbs – o que mostra que mesmo uma redução muito modesta de carbs refinados já é benéfica).

Os autores descobriram que além de aumentar a sensibilidade à insulina e a responsividade das células beta, a dieta com menos carboidratos estava associada a uma diminuição significativa da resposta basal das células beta (p<0,001), insulina de jejum (p<0,001), glicemia de jejum (p<0,01), HOMA-IR (um índice de resistência à insulina) (p<0,001) e testosterona total  (p<0,05), quando comparada à dieta padrão.

Apesar do maior conteúdo de gordura da dieta com menos carboidratos, o perfil lipídico dos pacientes melhorou significativamente nesta dieta, escreveram os pesquisadores. A dieta padrão, por outro lado, levou a um declínio do HDL e aumento na relação entre colesterol toal / HDL.

Quando todos os dados foram combinados, as reduções de testosterona foram significativamente associadas às reduções da insulina em jejum, resposta basal das células beta e área sob a curva de insulina (p<0,05).

“Estas dados sugerem que, em mulheres hiperinsulinêmicas com PCOS, reduções modestas nos carboidratos no contexto de uma dieta de manutenção de peso podem reduzir a insulina em jejum e, por fim, levar à redução dos níveis circulantes de testosterona nestas mulheres”, eles concluíram.

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