Azeites batizados

A proteste testou várias marcas de azeites de oliva no mercado. Resultado? Vários não são o que dizem ser.

No entanto, apenas alguns são ruins para você, na medida em que contêm óleos extraídos de sementes. Outros, embora estejam fraudando a sua boa fé, dizendo-se extra-virgens quando são apenas virgens, não trazem prejuízos à sua saúde.

O livro Toxic Oil, de David Gillespie, explica bem as diferenças entre os diferentes azeites de oliva:

Em resumo, virgem é o óleo extraído das azeitonas sem o uso de calor ou produtos químicos – as frutas são esmagadas em uma pasta e centrifugadas, e o óleo separado. Extra-virgem é apenas um óleo virgem cujo sabor é julgado como sendo superior, devendo ter menos de 0,8% de ácidos graxos livres.

Refinado é o azeite (de oliva) que não pôde ser classificado como virgem ou extra-virgem devido ao teor mais elevado de ácidos graxos livres – ele é então refinado por processos físicos e químicos de modo a reduzir seu teor de ácidos graxos livres para menos de 0,3% – produzindo um óleo quase sem cor e sem sabor. Como diz Gillespie, “O azeite de oliva refinado não é nutricionalmente inferior ao virgem, mas se você tem aversão a comida que tenha sido quimicamente tratada, então não compre azeites de oliva denominados “refinados”, “puros”, “light” ou “extra-light”. 

Agora, com a devida compreensão do assunto, vamos à reportagem:

http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/azeites-de-oliva-so-no-rotulo-10710633

Azeites: de oliva só no rótulo

  • Teste da Proteste indica que as marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real não podem nem ser consideradas azeites, e sim uma mistura de óleos refinados
  • Menos da metade dos 19 produtos avaliados, apenas oito, apresentam qualidade de extravirgem
  • Entidade vai notificar o Ministério Público, Anvisa e Ministério da Agricultura para que fiscalização seja mais eficiente

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Apenas oito das 19 marcas avaliadas realmente são extravirgensFoto: FOTO: SXC.hu

Apenas oito das 19 marcas avaliadas realmente são extravirgens FOTO: SXC.hu

RIO — A Proteste – Associação de Consumidores testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro (Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real) não podem nem ser consideradas azeites, e sim uma mistura de óleos refinados. Menos da metade dos produtos avaliados, apenas oito, apresentam qualidade de extravirgem. São eles: Olivas do Sul, Carrefour, Cardeal, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor, Qualitá. Os outros sete (Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata) são apenas virgens. Dos quatro testes que a entidade já realizou com esse produto, este foi o com o maior número de fraudes contra o consumidor.

As propriedades antioxidantes do azeite de oliva são o principal atrativo do produto, devido ao efeito benéfico à saúde. Mas para que o azeite mantenha suas características, é importante que ele não seja misturado a outras substâncias. Os quatro produtos declassificados pela entidade são, na verdade, uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras. Em diversos parâmetros de análise, essas marcas apresentaram valores que não estão de acordo com a legislação vigente. Os testes realizados indicaram que os produtos não só apresentam falta de qualidade, como também apontaram a adição de óleos de sementes de oleaginosas, o que caracteriza a fraude.

Outros sete não chegam a cometer fraude como esses, mas também não podem ser vendidos como extravirgens. A entidade ressalta que o consumidor paga mais caro, acreditando estar comprando o melhor tipo de azeite e leva para casa um produto de qualidade inferior.

É considerado fraude o produto vendido fora das especificações estabelecidas por lei. Para as análises, foram considerados parâmetros físico-químicos para detectar possíveis adulterações: espectrofotometria (presença de óleos refinados); quantidade de ceras, estigmastadieno, eritrodiol e uvaol (adição de óleos obtidos por extração com solventes); composição em ácidos graxos e esteróis (adição e identificação de outros óleos e gorduras); isômeros transoleicos, translinoleicos, translinolênicos e ECN42 (adição de outras gorduras vegetais).

A entidade vai notificar o Ministério Público, a Anvisa e o Ministério da Agricultura, exigindo fiscalização mais eficiente. Nos três testes anteriores foram detectados problemas. Em 2002, foram avaliados os virgens tradicionais e foi encontrada fraude. Em 2007, a situação se repetiu com os extravirgens. Em 2009, uma marca que dizia ser extravirgem não correspondia à classificação. Para a Proteste, isso demonstra que os fabricantes ainda não são alvos da fiscalização necessária.

A importadora da marca Quinta D´Aldeia, a Sales, informou que foi notificada pela Proteste no último dia 4 e está buscando esclarecer “estas divergências” junto à entidade. A empresa também garantiu que o lote 80, utilizado pela Proteste para os testes, “encontra-se em consonância com a legislação, conforme laudo elaborado a pedido da empresa, razão pela qual se faz necessário analisar o suposto laudo na qual a reportagem se baseia”. Disse, ainda, que está à disposição para realizar contraprova para comprovar o resultado do teste da entidade.

A Angel, importadora da Vila Real, e a importadora da Figueira da Foz ainda não retornaram o contato da reportagem. A outra marca desclassificada não teve representante localizado pela reportagem.

A Carbonell informou que todos os lotes de produtos da marca são submetidos a um rigoroso controle de qualidade dos laboratórios do governo da Espanha credenciados e exigidos pelo Brasil. “Esses laboratórios certificam que os produtos cumprem todas as normas de qualidade brasileiras”, complementou em nota. A empresa informa, ainda, que realizou na Espanha uma contraprova em amostra do mesmo lote analisado pelo teste e constatou que as características do azeite correspondem a um produto extravirgem “da mais alta qualidade”.

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