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Uma alimentação sem glúten diminui o risco de diabetes tipo 1
14/05/2014
Novos experimentos em ratos mostram que as fêmeas podem proteger os filhos contra a apresentação de diabetes tipo 1 se consumirem uma alimentação sem glúten. Segundo os estudos preliminares realizados por pesquisadores da Universidade de Copenhague, os achados podem aplicar-se a seres humanos.
Mais de 1% da população dinamarquesa tem diabetes de tipo 1, uma das taxas de frequência mais alta no mundo. Novos experimentos realizados em ratos mostram agora uma correlação entre a saúde das crias e o consumo de uma alimentação sem glúten por suas mães. Esperamos que a doença possa ser prevenida mediante mudanças simples na alimentação, afirmam os investigadores.
«Os testes preliminares mostram que uma alimentação sem glúten em seres humanos tem um efeito positivo em crianças com diabetes tipo 1 recentemente diagnosticadas. Portanto, esperamos que uma alimentação sem glúten durante a gravidez e a amamentação sejam suficientes para proteger os meninos com alto risco de apresentar diabetes a uma idade mais avançada», disse a professora assistente Camilla Hartmann Friis Hansen do Departamento de Biologia de Doenças Veterinárias, Faculdade de Saúde e Ciências Médicas.
Os achados foram publicados recentemente na revista médica Diabetes.
14 anos de pesquisa em torno da alimentação sem glúten
Os achados de experimentos realizados em ratos não necessariamente são aplicáveis a seres humanos, mas neste caso temos bases para ser otimistas, diz o coautor do estudo Professor Axel Kornerup do Departamento de Biologia de Doenças Veterinárias, Faculdade de Saúde e Ciências Médicas.
«A intervenção em uma etapa precoce é muito congruente já que o diabetes de tipo 1 se apresenta em uma etapa inicial. Também sabemos pelos experimentos realizados antes que uma alimentação sem glúten tem um efeito favorável sobre o diabetes tipo 1», diz.
Os experimentos deste tipo tem sido realizados desde 1999, originalmente iniciados pelo professor Karsten Buschard do Bartholin Institute no Rigshospitalet em Copenhague, outro coautor do estudo.
«Este novo estudo fundamenta muito bem nossa pesquisa sobre a alimentação sem glúten como uma arma eficaz contra o diabetes de tipo 1», explica Karsten Buschard.
A alimentação sem glúten afeta as bactérias
O experimento demonstrou que a alimentação modificava as bactérias intestinais tanto na mãe como nas crias. A microflora intestinal desempenha um papel importante no desenvolvimento do sistema imunológico bem como no diabetes de tipo 1, e o estudo parece indicar que o efeito protetor de uma alimentação sem glúten pode ser atribuído a determinadas bactérias intestinais. A vantagem da alimentação sem glúten é que o único efeito secundário parece ser o desconforto de ter que evitar o glúten, mas não há e evidências contundentes do efeito ou dos efeitos secundários.
«Não pudemos começar um ensaio clínico a grande escala para comprovar ou rejeitar nossa hipótese em torno da alimentação sem glúten», diz Karsten Buschard.
A professora assistente Camilla Hartmann Friis Hansen espera que seja possível continuar a pesquisa.
«Se descobrirmos como o glúten ou determinadas bactérias intestinais modificam o sistema imunológico e a fisiologia da célula beta, poderá ser utilizado este conhecimento para pesquisar novos tratamentos», concluiu.
Cita bibliográfica:
C. H. F. Hansen, ukasz Krych, K. Buschard, S. B. Metzdorff, C. Nellemann, L. H. Hansen, D. S. Nielsen, H. Frokiaer, S. Skov, A. K. Hansen. A maternal gluten-free diet reduces inflammation and diabetes incidence in the offspring of NOD mice. Diabetes, 2014; DOI: 10.2337/db13-1612
Fonte: Science Daily
E qual a evidência em humanos? Bem, já há um caso relatado na literatura:
BMJ Case Rep. 2012 Jun 21;2012. pii: bcr0220125878. doi: 10.1136/bcr.02.2012.5878.
Remission without insulin therapy on gluten-free diet in a 6-year old boy with type 1 diabetes mellitus.
Sildorf SM1, Fredheim S, Svensson J, Buschard K.
Author information
- 1Paediatric Unit, Copenhagen University Hospital, Herlev, Denmark. [email protected]
Abstract
A 5-year and 10-month old boy was diagnosed with classical type 1 diabetes mellitus (T1DM) without celiac disease. He started on a gluten-free diet after 2-3 week without need of insulin treatment. At the initiation of gluten-free diet, HbA1c was 7.8% and was stabilised at 5.8%-6.0% without insulin therapy. Fasting blood glucose was maintained at 4.0-5.0 mmol/l. At 16 months after diagnosis the fasting blood glucose was 4.1 mmol/l and after 20 months he is still without daily insulin therapy. There was no alteration in glutamic acid decarboxylase positivity. The gluten-free diet was safe and without side effects. The authors propose that the gluten-free diet has prolonged remission in this patient with T1DM and that further trials are indicated.
- PMID:
- 22729336
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