OBITUÁRIO
Nascimento: 26 de março de 1984
Morte: 12 de junho de 2014
Obituário
Aos 30 anos, morre a dieta low fat. Concebida na década de 1970 com base em estudos epidemiológicos mal feitos, entronizada na diretrizes em 1977, e popularizada pela revista TIME em 1984 – tudo isso sem que NENHUM estudo houvesse sido conduzido para testar sua validade, e tendo sobrevivido bravamente a despeito de sua repetida refutação por ensaios clínicos randomizados e metanálises, foi ferida de morte em 2007 pela publicação de Good Calories, Bad Calories, tendo sangrado até 2013, quando uma sequência de estudos de grande impacto e editoriais em revistas médicas de grande prestígio a deixaram em condições críticas. Três meses após a publicação de uma metanálise definitiva, no dia de hoje, a dieta low fat morre pelas mãos da mesma publicação leiga que a entronizou 30 anos atrás. Mas continuará viva no receituário de médicos e nutricionistas cujo luto os impede de ver claramente, bem como na memória de todas as pessoas que comeram omeletes sem as gemas, peito de frango sem pele e que viraram uma estatística na epidemia de obesidade, síndrome metabólica e diabetes quando trocaram os ovos por açucarados cereais matinais (sem gordura) e o salmão por macarrão.
Descanse em paz.
Postagens relacionadas:
A dieta de baixa gordura está morta – 1
A dieta de baixa gordura está morta – 2
A dieta de baixa gordura está morta – 3
Repito o que escrevi numa das postagens acima:
A dieta de baixa gordura lembra muito uma galinha que continua correndo depois que sua cabeça já foi cortada – pode não parecer, mas já está morta. Hoje, para mim, está claro, olhando para trás, que low fat foi uma dessas anomalias históricas, uma espécie alucinação coletiva que se apossou da humanidade nos anos 1970. Esta foi – e sempre será – a verdadeira dieta da moda. Sua introdução (pelo departamento de agricultura dos EUA) desencadeou o maior desastre de saúde pública de que temos notícia – a epidemia de obesidade, síndrome metabólica e diabetes (veja aqui). Mas não passou, no fundo, de uma breve solução de continuidade dentro de uma evolução alimentar que jamais incluiu a restrição voluntária de calorias ou de gordura (pelo contrário, veja aqui)
Assim como Elvis, que continua vivo para alguns de seus fãs, tenho para mim que a moda low fat continuará viva nos estômagos famintos de seus seguidores e nas mentes dogmáticas de alguns profissionais de saúde. Mas – sinto dizer – Elvis morreu.
A biografia completa da falecida dieta pode ser conferida aqui: