Foi publicado online, anteontem, no periódico Diabetes Care, o novo consenso conjunto a Associação Americana do Diabetes (ADA) e da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD):
Low carb aparece agora como uma das opções padrão, sem ressalvas. Por exemplo:
1) Low carb está entre as opções
2) Na coluna “vantagens”, está escrito: “sem efeitos colaterais”
No texto do artigo, se lê:
Em suma, há várias alternativas de intervenção dietética com bons resultados para diabetes tipo 2, sendo que low-carb produz reduções substanciais da hemoglobina glicada, mas apenas very low carb. Restrição moderada de carboidratos não é suficiente no contexto do manejo de diabetes. Isso não é novidade.
Os autores salientam que, após seis meses, os resultados já não são tão bons. Mas, veja, isso é verdade para TODA E QUALQUER intervenção de estilo de vida, seja exercício, cessação de tabagismo, ou absolutamente qualquer tipo de dieta, não porque as coisas deixem de funcionar com o tempo; evidentemente, é porque a MÉDIA das pessoas DEIXA de seguir a orientação. Se fôssemos usar este argumento, não recomendaríamos nenhuma modificação de estilo de vida – sabemos que em 24 meses a maioria das pessoas não estará mais seguindo a recomendação. Para fazer uma recomendação, o que importa é saber sua EFICÁCIA, isto é, se ela funciona QUANDO implementada. Não fumar é melhor do que fumar, por isso recomendamos que se pare de fumar, MESMO sabendo que a maioria das pessoas estará fumando em 24 meses. E é por isso recomendamos low-carb para diabéticos, porque a EFICÁCIA (que é melhor aferida nos primeiros 90-180 dias dos estudos, quando as pessoas ainda estão seguindo a estratégia) é indiscutível. Se a baixa efetividade (isto é, o resultado para a média das pessoas no mundo real, levando em conta que a maioria das pessoas desiste) não nos impede de recomendar a cessação do tabagismo e a prática de exercícios físicos, também não deve nos impedir de indicar low-carb para os pacientes diabéticos. Isso é óbvio.
Que low carb é eficaz para diabetes, e que quanto mais low-carb, melhor, não são novidades – é medicina baseada em evidências.
Mas a incorporação desses fatos no maior consenso das maiores organizações mundiais da área deve finalmente pacificar o assunto, para que possamos nos focar não mais em convencer os profissionais do óbvio (que comer menos glicose reduz a glicose), e sim em como ajudar as pessoas a implementar essa estratégia eficaz e segura.