Ozempic: como evitar o reganho de peso

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Os análogos do GLP-1 – muito conhecidos por nomes comerciais tais como Ozempic e Saxenda revolucionaram o tratamento da obesidade. Pela primeira vez, temos drogas seguras e realmente eficazes no emagrecimento. Mas, como o remédio perfeito não existe, nem tudo são flores. Esses medicamentos possuem efeitos colaterais que incluem azia, refluxo, constipação, diarreia e má digestão. E outro grande problema é o preço: o tratamento típico custa em torno de 1000 reais por mês.

Mas tudo isso seria contornável se a medicação fosse a cura da obesidade. Porém, o reganho do peso é a regra. Observe o que aconteceu com as pessoas que usaram semaglutida (o mesmo princípio ativo do Ozempic) na dose de 2,4 mg por semana (2,4 vezes mais do que a dose máxima do Ozempic; nesta dosagem, o medicamento é comercializado nos EUA com o nome Wegovy):

A perda de peso é impressionante – mas igualmente impressionante é o reganho do peso após a suspensão do medicamento. Isso faz com que muitas autoridades em obesidade recomendem o uso dos medicamentos por tempo indeterminado. Falamos sobre isso em um episódio do podcast Comida sem Filtro:

O fato é que, seja pelo custo elevado, seja pela inconveniência, seja pelos efeitos colaterais, a maior parte das pessoas acaba abandonando o tratamento. E nenhum estudo mostrou formas eficazes de “desmamar” o uso dessas drogas sem que ocorra o reganho do peso. Até agora.

Foi publicado um interessante estudo do Virta Health avaliando o que aconteceu com os pacientes diabéticos que retiraram os análogos do GLP-1 versus os que continuaram usando, no contexto de uma dieta very low-carb cetogênica:

Neste estudo, foram avaliados de forma retrospectiva 154 pacientes diabéticos com sobrepeso e obesidade que estava usando algum dos medicamentos análogos do GLP-1, e que foram colocados em dieta cetogênica e nos quais a medicação foi suspensa. Eles foram comparados com outros 154 pacientes de características semelhantes, nos quais optou-se por manter as medicamentos.


Agora compare o gráfico que eu colei acima com este:

Percebam, no gráfico da direita, que quase não houve reganho de peso 1 ano após a perda de peso provocada pela dieta very low-carb, independentemente de ter havido ou não a suspensão da medicação. Isso é tão importante que vou escrever de outra forma: as pessoas diabéticas que estavam usando Ozempic e similares e que tiveram o medicamento suspenso foram completamente protegidas do reganho de peso graças à sua dieta – que, no caso do Virta, era uma dieta cetogênica SEM restrição calórica voluntária, ou seja, ad libitum. A saciedade induzida pela dieta substitui a saciedade produzida pela medicação. Isso é um achado sensacional, e é a primeira vez que um estudo mostra um resultado assim.

É importante salientar que este estudo tem limitações metodológicas. Não se trata de um ensaio clínico randomizado. É um estudo retrospectivo dos pacientes do Virta Health comparando aqueles que os médicos julgaram que poderiam ter suas medicações suspensas versus aqueles em que os médicos julgaram que era melhor mantê-las. Tais grupos são obviamente diferentes entre si: você suspende a medicação preferencialmente nos pacientes menos doentes. Mas este, para mim, não é o ponto principal. O ponto principal é o que aconteceu com os pacientes que suspenderam os análogos do GLP-1: o simples fato de terem mantido o peso perdido após 12 meses sem remédio é algo que nunca foi relatado antes na literatura.

Mas alguém poderia dizer: “Hey! A comparação com o estudo de semaglutida é injusta, pois naquele estudo em que 2/3 do peso voltou após a suspensão do medicamento, as pessoas também pararam de fazer as medidas de estilo de vida (dieta com restrição de 500 calorias por dia e exercício físico), enquanto no Virta as pessoas seguiram fazendo dieta cetogênica! O que aconteceria se você suspendesse o Ozempic/Wegovy mas mantivesse as pessoas passando fome e se exercitando”? Felizmente, isso foi avaliado em outro estudo – um grupo usou semaglutida por 68 semanas, e outro trocou de semaglutida para placebo após 20 semanas, e AMBOS os grupos continuaram sendo orientados a comer 500 calorias a menos e afazer 150 minutos de exercício por semana. E o que aconteceu?

Como se vê, as pessoas ganham de volta uma boa parte do peso perdido quando suspendem a medicação, MESMO sendo orientadas a manter uma dieta hipocalórica (fome) + exercício físico. Para fins de comparação, eis novamente o gráfico do Virta:

Como eu digo no meu livro Uma Dieta Além da Moda, “a fome é o cemitério das dietas”. Por que as pessoas emagrecem com Ozempic e similares? Porque elas sentem menos fome. Porque as pessoas emagrecem com a dieta cetogênica do Virta? Porque elas sentem menos fome. Porque as pessoas ganham o peso novamente no estudo da Semaglutida, muito embora estejam sendo orientadas a fazer uma dieta com 500 calorias a menos por dia e exercícios? Porque trata-se de uma dieta de fome – e fome não é nem nunca será um estilo de vida. Até hoje nenhum estudo havia demonstrado sucesso em manter a perda de peso após a suspensão da medicação, mas não porque as pessoas não seguem a dieta proposta; é porque a dieta proposta era inadequada.

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